quinta-feira, 6 de novembro de 2003

Camarate

Saiu hoje no Público a seguinte notícia:

"Auditoria ao Fundo de Defesa do Ultramar revela irregularidades"

O artigo avança, dir-se-ia a medo, com a seguinte frase introdutória: "Poderá sair reforçada a teoria de atentado no caso Camarate".

"Poderá sair reforçada"?
Ainda haverá alguém que duvide do atentado e das suas razões?
Obviamente, estas razões prendem-se com as movimentações do Fundo de Defesa do Ultramar, autêntico "saco azul" que foi usado repetidas vezes para negócios de armamento que importa esclarecer.

O livro de Ricardo Sá Fernandes, "O Crime de Camarate" já tem alguns anos, mas aparentemente não provocou ondas nenhumas, e isto apesar de ser um trabalho de investigação extenso, exaustivo e convincente. De que é que estamos à espera? Alguém ainda espera alguma coisa desta Comissão Parlamentar de Inquérito? Que andam eles a inquirir?

O problema é que alguns culpados e responsáveis ainda estão vivos. Só quando estas pessoas morrerem é que se poderá "saber" a verdade, até às últimas consequências. Estão envolvidas pessoas de todos os quadrantes políticos e também das Forças Armadas, sempre intocáveis.

Adelino Amaro da Costa foi assassinado no preciso momento em que ia iniciar uma investigação ao Fundo do Ultramar. Sá Carneiro teve o azar de partilhar o Cessna com Amaro da Costa.
E assim partiram juntos para o Porto naquela noite fatídica, numa viagem que terminou poucos minutos depois da descolagem com a detonação de um engenho explosivo.

As provas existem. Sá Fernandes apresenta-as de forma irrefutável. Vestígios de explosivos. Peritagem dos destroços. Depoimentos de pessoas envolvidas. Relatos de testemunhas oculares.

O português comum, como sempre, nada sabe sobre isto. Pior... Não se interessa.

Bernardo

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