quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Cá vem a tradução...

... do excerto de Jean Borella que apresentei no último artigo.

Caro Francisco, sempre às ordens! Desculpa só a fraca qualidade da tradução, mas não tenho um dicionário à mão e isto vai ser feito a olho!

"Não há, então, inconveniência radical entre a essência feminina e o sacerdócio. Não podem senão existir inconveniências relativas à natureza particular, e mesmo única, do sacerdócio cristão. E, antes de mais, dever-se-ia afirmar que estas inconveniências relativas não são senão a contrapartida de uma conveniência maior para uma outra função [da mulher] na economia geral do cristianismo. É então a natureza do sacerdócio cristão, desejada por Cristo, que determina conveniência e inconveniência, sendo entendido, mais uma vez, que estas nada têm de arbitrário, e contribuem pelo contrário a fazer do homem e da mulher o que eles devem ser para Deus. Assim, a abolição desta distinção quanto à aptidão dos dois sexos ao sacerdócio teria por efeito, não somente alterar (ou mesmo enfraquecer) a essência verdadeira do sacerdócio cristão, mas ainda perverter a relação que a mulher cirstã possui com a economia da salvação, e por via das consequências, arruinar definitivamente a ordem da sociedade cristã. Porque não é indiferente, para esta sociedade, que a distinção dos sexos, que está na base de toda a organização social, esteja sancionada e conservada por uma instituição divina, que, sózinha, lhe dá o seu sentido verdadeiro. Repousando apenas em critérios biológicos, ou seja, em última análise, animais, é toda a organização social que passa a estar "animalizada". E cada qual sabe que um homem reduzido à sua animalidade não é mais que uma besta. Querendo apagar todos os sinais distintivos dos dois sexos, os feministas não se dão conta que se condenam necessariamente a sofrer a ditadura da inapagável distinção psicológica, a qual, reinando, não conhece outros limites que os da sua própria satisfação e não pode senão ir ao ponto de transformar as mulheres em puras fêmeas para machos reduzidos à função genesíaca. Esta é a verdade rigorosamente inscrita na revolução do «segundo sexo»." - Jean Borella, "De la Femme et du Sacerdoce".

A tradução é má, mas que fique bem claro que Jean Borella repudia a expressão "segundo sexo"! Para ele, e eu partilho desta opinião, o feminismo é um dos maiores atentados à verdadeira essência da mulher que a História humana alguma vez assistiu. Obviamente que o machismo, nem é preciso dizer, é uma postura de, e para, imbecis. A "luta dos sexos" só tem lugar no mundo complexo, variável e inconstante da psique e da emotividade humanas. No plano de Deus, apesar de terem "papéis" diferentes, homem e mulher são seres em "igualdade hierárquica".

Se algo ficou pouco claro deste pequeno excerto, porque eu tive que escolher uma parte pequena (o resto pode ser lido no site que indiquei), foi como expõe Jean Borella o papel da mulher no plano salvífico de Deus, de acordo com a doutrina católica. Remeto os leitores para o artigo de Jean Borella, porque isso exigiria um artigo grande só por si. Se eu puder, regressarei a este tema, traduzindo mais alguns excertos do referido artigo, sobretudo nesta última parte do papel da mulher, que é deveras interessante.

Um abraço,

Bernardo

ADENDA: Quando usei a palavra "feminismo", fi-lo, aliás como Jean Borella, no sentido de "extremismo feminista". Evidentemente que não podemos estar contra a protecção da mulher e dos seus genuínos direitos, bem como a protecção dos genuínos direitos de quem quer que seja. Contudo, e fica bem claro pela posição aqui apresentada, não considero o sacerdócio na sua forma especificamente cristã um direito genuíno da mulher.

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